SOBRE GRIPE, CHUVA, ELENA FERRANTE E LIVRARIAS.

Hoje o domingo amanheceu chuvoso, friorento e meio gripado por aqui. Acordei às sete com o telefone tocando, voltei para a cama. Tornei a levantar para assoar o nariz, voltei para a cama. Tornei a levantar de novo. Assoei o nariz, tomei um Resfenol e fui deitar na sala. Assisti Pequenas empresas, grandes negócios e conheci uma loja de velas literárias perfumadas, a @meltinbr, já quero virar cliente! Comecei a assistir Globo Rural, mas o remédio bateu e eu dormi de novo. Fui acordada pelo meu marido, que trouxe café quentinho para mim. Ele foi trabalhar. Eu deveria ter ido junto, mas fiquei, baqueada e constipada. Despertei com o café.

Abri o livro A Festa do Bode, na qual estou empacada na leitura desde meados de fevereiro, decidida a terminá-lo, pois o livro já está no fim. Pois terminei foi apenas um capítulo. Esse livro é pesado demais e eu fiquei deveras impressionada com o que li em apenas dez páginas. Achei que meu domingo merecia algo mais leve, pois já basta a gripe e o céu carrancudo que por si só já derruba meu estado de espírito. Fechei o livro do Llosa e abri o livro de contos da Clarice. Li dois contos e me animei. Assim se desfez a má impressão que guardei no coração após ler uma cena horrorosa de tortura.

Animei-me a falar de livros. Mas não me animei a tirar o pijama. São quase duas da tarde e ainda me encontro vestida de pijama, sentada no sofá sob o edredom, espirrando e escrevendo. Vou esquentar um chá de gengibre que fiz ontem a noite. Já volto para falar de livros.

Voltei. Agora também chove. O chá ficou ardido. Gosto da ardência do gengibre. Muito bem, esta semana eu terminei de ler A amiga genial da Elena Ferrante. Este livro chegou até mim da seguinte forma: eu trabalhava no Alphaville, perto de São Paulo e havia uma passagem subterrânea sob a Alameda Rio Negro. Nesta passagem funciona (ou funcionava) uma galeria com algumas lojas, cafés, serviços etc, e lá também havia um palete onde nós trocávamos livros gratuitamente. Eu foi lá que eu peguei a minha edição de Amiga genial, entre 2018 e 2019. Eu tenho uma imensa pilha de livros à espera de leitura. Esse livro saiu do palete e foi direto para a pilha, e só saiu de lá porque eu estou penando com a leitura do "livro do bode". Eu estava ávida por uma leitura leve, e deu certo!

Há tempos vejo que a Série Napolitana da Elena Ferrante, da qual A amiga genial é o primeiro volume, divide opiniões. Há quem ame a autora e a série, e há quem ache os livros péssimos e os abandone por achar a leitura arrastada. Até aqui, eu não caí de amores nem achei a autora maravilhosa, mas gostei muito da escrita da dela e fui envolvida pela leitura logo nas primeiras páginas. Eu li as mais de 300 páginas em menos de um mês.

Quanto mais eu lia, mais eu queria saber o que aconteceria, e retomei algo que há tempos eu não fazia: ler antes de dormir, ler ao acordar, graças ao meu envolvimento com esse livro. Ele acabou e me deixou sentimento antigo e esquecido, um vazio que se traduz assim: 

'tá, mas o que eu vou ler agora? 

Eu não perdi o embalo, estou encaixando outros livros enquanto eu não compro o segundo livro da série, História do novo sobrenome.

A série conta a história de duas amigas de infância, Lenu e Lila, passada em Nápoles após a segunda guerra. Aqui também há cenas de violência, porém, num grau muito diferente das violências narradas em  A Festa do Bode. Mas o enredo foca na interdependência dessas duas amigas que mantem um relacionamento que para mim é mais tóxico e competitivo do que amistoso e fraterno. O que ficou muito marcado para mim, também foi como o meio em que vivemos tem forte influência sobre o nosso destino. A história da adolescência delas gira em torno da história de um par de sapatos, e fim deste primeiro volume é marcado por um acontecimento em torno deles, porém sem desfecho na trama.

Eu estou agoniada para adquirir o quanto antes os outros livros da série, mas... quero ver se os compro pessoalmente em uma livraria. Eu não piso em uma livraria desde março de 2020. Minha última visita foi à Livraria da Villa na Vila Madalena. Eu trabalhava bem pertinho, e matava muita hora de almoço la dentro. Eu amava! Que saudades.

Não vejo a hora de fazer esse role. Ir à livraria, comprar a História do novo sobrenome, e talvez o Torto arado, olhar os livros, pegá-los na mão, folheá-los, desejá-los, passear pelas estantes sem pressa, olhar curiosamente o que outras pessoas estão comprando e lendo, sentar na cafeteria, pedir um café, ou um capuccino, abrir meu livro recém comprado e começar a leitura por ali mesmo. Tudo para mim!

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